Soneto do consolo

Não pretendo entregar-me ao desprazer
E tampouco calar-me em consentimento
Eu vou dizer, pois agora é o momento:
-Sozinho, eu irei tentar me refazer!

Mal posso me sentir, ando muito torpe
E comigo mesmo eu devo concordar
Passeio nos sonhos que não posso sonhar
Na rodovia da ilusão que me entope.

Quisera eu, antes tentar me afogar
E no suicídio de um poeta incerto
Deita comigo, a essência dos martírios.

O agora me refaz, já sinto o ar
O mundo floresceu num vago deserto
Pois colhi meus versos na árvore dos lírios.