Ó, Bem-te-vi,
que cantas em minha janela
tal o galo quando abre a goela
e me despertas no alvorecer
quando repicas no alto dos prédios
espantas dos homens o tédio
que é pra cidade não morrer
Com essa vestimenta tão singela
mas da linda cor amarela
do grande astro-rei
tu te fazes sempre festivo
e te mostras realmente vivo
e isto é de ti,bem sei
Tua vida é uma dança
à amada, sem desesperança,
que a vês em outra antena
E te penteias com o mesmo bico que canta
e, de um feito, tu te levantas
nas asas que abraçam a fêmea
E a vida segue em êxtase. Eterno
sem segunda-feira, sem verão e sem inverno
é um só orgasmo tudo em ti
Eu te agradeço por seres quem és
e por me pores asas nos pés
também já sou um Bem-te-vi.
Euclides Bagatoli