Estou vivendo nas extremidades:
se os olhos meus fecho
tenho-te tão perto,
mas se os abro, no semblante
tenho-te tão distante
que o tempo torna-se eternidade.
Aí envolvida no labor
com o rumo que futuramente
preparas para tua vida
não percebes minha querida
que os dias presentes
carecem tanto de amor.
Aqui sendo devorado
pelos afazeres do cotidiano
nem noto que a vida esvai na cronologia
deste tempo que escapa apressado;
jogo meu viver no abandono
pois que postergo a existência pra outro dia.
Tão longe, tão perto!
separados tão somente
por ambições, quase cobiças
que, feito areia movediça,
de infindável deserto
cegam a visão afetiva da gente.
18/01/2005