Lições do Tempo

Ela encostou sua sabedoria no banco reservado...

O acúmulo da pureza da poesia em seu cabelo grisalho, o cúmulo da paciência adquirida em seu andar compassado. Ela assistira muitas mais vezes ao milagre da vida, a cada dia, a cada vinda e cada ida. E pra ela, que por tanto tempo inquirira os mistérios da vida, nada parecia ser menos etéreo, menos segredo, menos magia; e com tudo se encantava e se surpreendia, e pra toda criança sapeca ou bebê dengoso ela sorria gostoso...

Recostada no banco do idoso...

Os anos lhe ensinaram os atalhos da alma, e quanto mais complexa a vida se mostrava, com tanto mais calma ela gerenciava e simplificava os dilemas. No seu olhar sereno transpassando o rosto enrugado, de vez em quando se projetava o contorno de um anjo ministrador, falando um poema de amor sem dizer nada; e qualquer que não fosse insensível julgaria impossível não simpatizar com aquele olhar experiente de outra dimensão...

No banco diferente, um mesmo coração...

E eu quis mais daquela compreensão real que só o tempo traz; mas era o ponto final, e a vozinha se foi sem pressa, no passo dúbio que a incerteza da vida ensina. Por um minuto, a natureza me lecionou; então eu me levantei e segui meu destino, ainda incerto de quem sou, mas com uma pista de quem quero ser um dia. Lancei um último olhar e vislumbrei uma poesia esculpida com carinho...

No banco dos velhinhos...