A VOZ TÊNUE

A VOZ TÊNUE


Existem pessoas com as quais nos deparamos e de repente ouvimos no consciente uma “voz tênue”, quase inexpressiva a nos alertar que aquelas pessoas não se harmonizam com nossos sentimentos, ou nos faz crer que estamos diante de energias de polaridades opostas, a causar uma desarmonia aparente.
Entretanto à medida que convivemos e interagimos com essas pessoas percebemos que o nosso prognóstico falhou, nossos radares psíquicos cometeram erros absurdos, a voz tênue exagerou em suas análises. Essas pessoas, ou algumas delas, até possuem muito de nós: os mesmos medos, valores, sonhos, conceitos, preconceitos, preceitos, emoções, aspirações, enfim, sentimentos até que muito se assemelham aos nossos.
Parece que nem sempre é conveniente ouvirmos essa “voz tênue”, quase inexpressiva que previamente, às vezes até erroneamente nos faz conceber conceitos, impressões, suposições, como se obtivesse um instantâneo de tudo.
Imaginei por muito tempo que essa voz era peculiar apenas aos paranormais, aos sensitivos, ao sobrenatural. Todos somos privilegiados com esse sentido, com essa bússola que nos orienta, nos mostrando o prévio, sugerindo o caminho por onde devemos conduzir nossos pés, fato que não significa necessariamente que teremos êxito, pleno êxito quando resolvemos seguir seus "conselhos" ou que devemos apostar todas as fichas nessa pré-visão.
Alguns consagram-na como o sexto sentido. Inerente a todo ser humano, mas para que possamos entendê-la, senti-la, necessitamos de exercícios mentais, dentre eles, o mais importante é o uso apurado e contínuo da percepção, a todo o momento, a todo instante, em todos os lances da vida. Essa voz é o que se chama intuição.
Não sei se há dados científicos, mas esse sexto sentido parece ser mais expressivo e sensível na mulher ou, se a intuição depende do resultado da condensação de vivências e percepção aguçadas diante da vida, a mulher destaca-se, como se naturalmente fizesse uso com maior destreza e habilidade dos dois hemisférios do cérebro.
Nós, vaidosamente consagrados sexo forte, somos mais displicentes com os "conselhos" da voz, logo apostamos todas as cartas na plena convicção de êxito.
Quem de nós escapa da uma intuição feminina quando ela resolve nos buscar? Ela sente, pressente, intui o momento exato de, feito uma felina na espreita de um momento, lançar seu bote certeiro, e com precisão absoluta nos torna presa fácil no emaranhado de suas artimanhas;
Ela sente, pressente, intui os jeitinhos infalíveis para abrandar a fera que às vezes até por encenação sentimos prazer em nos tornar, muitas vezes até para mostrar que somos fortes, muito fortes;
Ela sente, pressente, intui o momento exato para fazer uso de suas manhas e artimanhas e nos deixar sem garantias diante de suas investidas quase sempre certeiras;
Ela sente, pressente, intui quando faz uso de seus olhos incisivos, cheios de mistérios que nos deixam cegos de razão;
Ela sente, pressente, intui o momento preciso para nos colocar na mira de suas estratégias fascinantes.
Por mais que sejamos fortes, não nos livramos de suas manhas e artimanhas, principalmente quando por pura intuição nos envaidecem, nos elevam o ego, fingem-se de frágeis para que tenhamos a sensação de que somos fortes, homens, super homens.
A voz tênue por vezes até nos alerta, mas..., mas somos frágeis, quase sempre caímos solenemente nas amarras de suas teias.