A maior aflição de um poeta
Não é a falta de inspiração
Pois a criatividade não lhe falta
Nem quando usa a razão
Seu maior sofrimento
Não é o crítico julgamento
Que os leitores fazem
A todo e qualquer momento
O que lhe causa angústia
É a incompreensão,
Não das linhas por ele escritas
Mas pela tentativa da tradução
Há quem lê um poema de dor
Ou de alegria, ou até de amor
E chega a pensar que aquilo
É o que se passa com seu autor.
Nós poetas não escrevemos
Apenas para escrever
E preencher as páginas
Brancas que não vivemos
Escrevemos para dar vazão
Aos nossos sentimentos
Sejam estes melancólicos
Tristes ou até de paixão...
Mas ao contrário do que pensam
Não escrevemos nossas dores
Inventamos, damo-lhes vida
Para intensificar nossos temores
Portanto não tente decifrar
O que lê em prosa ou verso
Desde que seja algo poético,
É pura abstração sem nexo
O papel é nosso refúgio
Com as palavras fugimos do mundo
É nosso vôo de liberdade
Para fora dessa cruel realidade
Portanto caro leitor
Não tente analisar nossa insensatez,
A inconstância de nossas idéias
Forjadas por nossa embriaguez.
Esse é o nosso martírio...
Este é o martírio de um poeta!