Naquela noite de dezembro,
Como se fosse hoje, ainda me lembro,
Vestida de branco e cabelos ao vento,
Me apareceu ao relento, deixando-me
Pasmado e também dignificado,
Com seu jeito santo, sozinha, sentada em um banco,
Curiosidade me despertou, pela hora ultrapassada,
Rua deserta e toldada, uma moça esmerada,
Interesse denotou-me.
Ardiloso aproximei,
Ao seu lado sentei,
E de momento perguntei,
O que ela fazia ali.
Virou-se lentamente
E vagarosamente, pegou em minha mão,
Disse em decadência, olhando-me com consistência
- Por favor, não se assuste não!
Estou aqui a te esperar,
Pois sabia que ira passar,
E precisava lhe dizer,
Vim de um lugar distante,
Sou alguém errante,
E procurava por você.
Senti algo estranho,
Um frio momentâneo,
Tomou conta do meu ser.
Levantei-me efêmero,
Lhe disse em grau e gênero,
Revele-se incontinente!
Ela disse de imediato,
Sou um ser abstrato,
E só você pode me ver.
Queria eu, aparecer para todo mundo,
E gritar em imenso agudo
QUE SOU A PAZ DO MUNDO,
E todos agora, irão me ter.
Infelizmente minha ação,
Seria insatisfação,
Pois, nesta grande nação,
A ganância pela posse,
Faz com que meu porte,
Seja um ato terminal.
Mas deixe meu recado
A todos os rogados
Que almejam por mim.
Com certeza voltarei
Quem sabe um dia... Não sei!
Mas, uma certeza eu darei,
Que para eu voltar,
Todos devem-se conciliar
Em busca de uma razão.
Nessa grande multidão,
Que denomina-se nação,
Todos devem ter um objetivo,
Serem totalmente decisivos,
E por paz no coração,
Esbanjar o amor e o perdão,
Com isso, voltarei então!