Matei meu amor de fome I

Parei de dar atenção ao que pulsava,
A curiosidade foi diminuindo.
Com desprezo, aos poucos eu o matava,
O amor, entre as frestas foi-se esvaindo.

O amor adoeceu desnutrido achando que a fonte fosse infinita,
E chegou às últimas, quase sem fôlego,
Sem chance de ser ressurgido.
Sem nenhuma chama ardente,
apagado e não mais pulgente.

Por ele não nutri mais ternura,
Mas há quem diga que ele teve muita fartura.
Por isso, mesmo cortado dele todo o suprimento;
ainda tenha durado tanto tempo.

Reduzindo e dando-lhe devida proporção a sua importância;
Não mais dei o alimento que ele come,
Eu matei o meu amor de fome.

Meu fluxo de energia fui recalculando,
O afeto que o alimentava foi minando.
Perdi a chamada admiração.
Causa morte: inanição.

Matei o amor que eu tinha por legítima defesa,
Matei em meu nome, pela honra.
Cometi um crime passional,
Um homicídio doloso, fatal.
Pode escolher, tanto faz,
Eu não recebo punição;
Ao contrário, recebo li-ber-ta-ção.