Quando escrevo com a íntima solenidade derivada de uma mística fidelidade simples, embora eu seja queimada em pura deleitação pelo esplendor do amor que morre sem ter nenhum conhecimento do que existe entre os homens e o Criador – o amor que lhe escreve como as chamas de Marguerite Porete– creio que ainda haverá a inexplorada palavra unida ao silêncio de Deus. Então, o Imortal Silêncio Amoroso ouvirá todas as cartas queimadas, mas, enquanto eu olhar para a terra tão agradecida pelo fitoterápico amor disciplinado, vendo-o envelhecer solitário ou deitando-se sobre o peito de alguém, ouvindo o próprio abandono unindo-se ao ressoar de outra solidão, ambos respirando Sonata ao Luar em desolada perfeição – Deus transformará o meu amor miasmático em cinzas eternas. Retirarei o véu azul e cantarei as cinzas sobre aquele que, talvez, auxiliará a jovem vagueando no inferno, a fim de reconstruir uma mútua libertação entre os inimigos.