Poesia: Eu vou embora
Autor: Jorge Leite de Siqueira
A gente nasce,
cresce e quando tudo parece perfeito,
vem a morte,
e acaba com tudo...
Às vezes me sinto
como um boi no matadouro:
esperando a minha hora...
Que pode ser agora,
daqui a pouco,
ou daqui a cem anos...
Como será minha morte?
Uma doença incurável?
Ou apenas serei atropelado como um cão vadio...?
Serei cremado
ou jogado no rio?
Talvez ficarei na rua
com os carros passando por cima
até que não sobre muita coisa
nada mais que uma marca de sangue no chão...
Que insignificante a minha vida.
Tudo acontece de forma incorreta,
contradizendo minhas vontades...
Às vezes me lembro do Cazuza
e de suas mensagens.
Também me sinto uma cobaia, Cazuza!
Quando tudo parece estar caminhando para um resultado
alguém manipula as coisas e tudo muda,
tudo dá errado...
E num círculo vicioso,
tudo volta ao início
menos o tempo que tenho na Terra...
O tempo passa, tudo igual,
menos as minhas rugas...
Tento refazer,
tento corrigir,
o tempo passando
e eu continuando a errar...
Sinto que meus dias se esvaem
e não os terei de volta,
por isso vou embora...
E não chore por mim...