A CADEIRA DO DRAGÃO

Aonde foram parar as minhas unhas, minhas roupas 

E minha honra?!

Não sei que horas são, que dia é hoje: 

Amarrado a essa cadeira de alumínio, 

Esse tempo de chumbo não passa!

Aonde foram parar as minhas unhas, meus sonhos

E minha mulher, que ainda há pouco estava aqui,

Sendo enrabada na minha frente?!

Não sei o que eles querem ou me perguntam

E até o meu nome verdadeiro ou falso eu já esqueci!

Fui preso (sequestrado) em plena luz do dia 

E encerrado na escuridão desse porão mal-assombrado

Por gemidos moribundos

Fui açoitado por fios desencapados e ligados à sanha

De meus inquisidores!

E aonde foram parar as minhas unhas, minh'alma

E a saída desse inferno?!

Meus gritos inaudíveis de preso político abafam as rajadas 

E os gritos de vitória da guerrilha urbana sobre a superfície

E, assim como as unhas e tudo o que me foi arrancado pela “segurança nacional”,

Eu também desapareço nas páginas da história e da anistia,

Mas não entregando nenhum companheiro!.

 

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