Maria da Anunciação e Maria do Rosário,
uma Maria das Dores, três Marias de calvário
Maria primeira era, pequena, simples, risonha,
cantava desafinado, raras lagrimas vertia.
Pega em contradição mentia despudorada
Cor da pele um composto da noite que inicia
em contraponto perfeito ao esmaecer do dia
Fez-se seu amor primeiro e perdeu-se em braços outros.
Uma segunda Maria, loira, bela, fantasiosa
Uma simples campesina, deusa do meio rural
Ansiando educação, festas, danças, artes mais
longe da visão severa do zelo patriarcal
Alma pura, recatada, quase um anjo celestial
Um segundo amor excluso, por outro se apaixonou.
Uma terceira Maria, linda, negra , despontou
Trazendo ingenuidade na volúpia, no calor,
desconhecia o prazer, beirava a impudicicia
Foi o seu ultimo anseio, despetalou-se a flor
Ele viu-se compelido desacreditar do amor
Trouxe ela traição, angustia, tristeza e dor
Ele, perdido nas noites
Namorisca a Via Lactea
Troça o amor infiel
E chama as Tres Marias
De vagabundas do céu.