Era um dia comum eu ali com meus seis anos de idade, passeando como minha personificação de herói, era ele jeito singelo cara sofrida, hora bravo, mas de um amor para comigo que parecia sempre infinito, e era.
Esse era meu pai, antes de saber de cristianismo, eu já o conhecia, na forma do meu pai.
E ali estávamos nós, praça da Sé, perto de umas 14 horas, meu pai adorava comer na barraca de salgado que ainda tem ali uma vitrine de delicias para ele, e eu ali comia aquele salgado, quando chegou um mendigo, faminto e pedindo que lhe pagassem um salgado, e depois de várias recusas, e afastar das outras pessoas com razão, pois o cara estava fedendo, ele pediu para meu pai compra um salgado pra ele, ali eu tive minha primeira experiência com o cristianismo, e vi meu pai dizendo:
– Coma à vontade, eu pago, só não te pago cachaça, mas comida e suco pode pegar…
E a lição viria em seguida, se agachando ele me disse:
– Messias, nunca negue comida para ninguém, mesmo que seja seu único pão, pois você sabe que ao chegar em casa tem mais, esse rapaz nem casa tem…
Guardo isso como o maior ensinamento que eu já recebi como ser humano, e também vejo que foi o primeiro ensinamento cristão que recebi, e detalhe, de um cara que não era considerado tão cristão assim, por ter uma personalidade explosiva, mas como quem conhece coração é Deus, eu o via acredito que como Deus, via um ser humano fantástico, com todos os defeitos.