Piso caminhos intransitáveis,
em chãos impalpáveis
entre paisagens jamais tocadas
ou maculadas pela vil exploração,
domínio de reles conquistas,
vítimas de cruel exacerbação.
Onde ninguém se atreveu
sem pesar o que perdeu,
ou se perdeu…
Abraço o desafio da entrega,
desbravo terra, saúdo o alvorecer,
bendigo as flores, os amores, o entardecer,
os espinhos a sangrar lições.
Sigo a canção nascida do acaso,
a luz que clareia, da imaginação.
O que minh’alma carrega
é o que rega o estio que aterra,
oração pra que a chuva ague
o mar ressequido da aflição,
e as viravoltas de girassóis dourados,
nos canteiros e jardins de adoração.
Quero mais lágrimas nos olhos,
chorar o estio até a sede acabar…
Percorro estradas de folhas desabadas
e outras verde-limão,
pedras amontoadas, tapetes de algodão,
belezas a se perder com toda a razão de ser…
Levo a vontade de ir… sem partir,
sem adeus ou despedida,
do jeito que o sonho pedir.
(Carmen Lúcia)