Nesta casa minha os pássaros cantam,
Sibilam das árvores um ruído meio surdo,
Enchem as manhãs de primaveras esperanças
E lá longe o mar responde com suas vagas
Como se recompensa fosse pelo dia lindo
E no pensar das gentes são trombetas do silêncio…
No brilho solto no ar há resquícios da espuma
Que se espalham sobre o tapete úmido da areia…
Em tudo se percebe o repouso abismal de um sol
Que, de tão distinto, leva dos sonhos a sabedoria
Do tempo e das obras diamantinas que há no espaço,
Transfigurando tudo o que se consome em alegorias…
A imagem é templo dos deuses que habitam íntimos,
Tesouros da alma que mantêm em sigilo as chamas
Que fulguram nas consciências dos altos edifícios
Construídos mediante a oficina de faustos pensares
Que nada mais são do que as massas inspiradoras
Transformadas no teto sublime que veda os delírios…
O esplendor é o soberano adorno dos solares marinhos
Que nutrem os suspiros dos corações apaixonados…
Tudo é dádiva que envolve de prata colchas macias,
Tecidas sob os indiscretos olhares dos astros siderais
Onde o amor se derrama em cálices dourados e brancos
Para que se beba do equilíbrio a certeza do dia seguinte.
O prazer se manifesta na ausência do amuleto da justiça
Ainda sem forma e bastante deprimido devido ao rumor
Que o céu prolata dentre as nuvens carregas de energia…
Às margens do consumo das ideias virgens e inexatas
Há preciosa delícia que são atitudes aspiradas pelos ventos
Que dormem acordados e despertam azougados pela chuva.
DE Ivan de Oliveira Melo