Éden

Feito sentinela, vigiei às claras,
Tantas noites consecutivas,
Na esperança de ouvir tua fala
Entoada pela paz de tua sonoridade.
 
Apenas aventaste possibilidades,
Eu enfeitei as expectativas;
Sintomas da sensibilidade,
Coisas de poeta, essas prospectivas.
 
Mas nada que a eternidade,
No tempo ideal da vida,
Não suplante essas inventivas
Sensações e tolas de felicidade.
 
Mas que inocente presunção
Essa minha meu bem,
De aspirar tua atenção
Enquanto extasias no Éden!
 
Convém que, em copas,
Eu me feche para tais lembranças.
Sei que a vida dá infindas voltas,
E que o amor se nutre de esperanças.