SANGUE QUENTE

Para tecer a vida precisa os dedos do invisível

estar de acordo com quem os tecera em noites infindas;

fazer nascer uma rosa requer conhecimento sobre espinhos,

o sangue que num pingo uiva a morte de todas as coisas,

aspirar o perfume é reter o universo por alguns segundos...

 

Estar entre coisas vivas é mais que estar Narciso,

reparar no que é belo ao externo dos olhos,

fruir da água que corre e que sabe que nunca será rio,

fumar o vapor de vulcões e amansar repentinas

ovelhas feitas de nuvem e mansidão...

 

Não se encherá o alforje e nem o coração repleto de vazios,

a música que vem de longe transforma sono em beleza,

o que conversam as coisas só sabe aquele que renuncia,

por o pão à beira da boca é alimentar o espírito...