ESTRADA

 
 
 
 
 
Serei a alma nua das esquinas cinzentas
A tropeçar nos cascalhos da gruta infinita,
Terei desnuda a face para que a pele sinta
O desejo embutido que o prazer incrementa.
 
Serei o espírito devorador das ruas solitárias
A caminhar dentre pedregulhos pontiagudos,
Terei o corpo marcado pelos lábios carnudos
Da donzela hipotecada por mãos monetárias.
 
Serei o hóspede sedutor das avenidas vazias
A flutuar perante os alicerces da melancolia
Como a traduzir as sensações não malogradas...
 
Terei da anfitriã tertúlia seixos dos becos ocos
E serei o Dom Juan dum tear poético barroco
Para nos conflitos contraditórios ser a estrada...
 
 
 

 
DE Ivan de Oliveira Melo