A PEÇA QUE NÃO TERMINA
Lampejos, visões
Fantasmas que se retorcem
Lixo que se aglomera
Decadência de uma era.
Motins que se constroem
Vidas que se destroem
Guerra oculta que explode
Terra que se sacode
E no altar composto
A Virgem mãe cobre o rosto
Sente o gosto da lagrima
Que escorrega pela face.
Avante mundo torto
Poço que encobre o sufoco
De almas leigas perdidas
Que avassalam nas trilhas.
Olha o céu estende a mão
Ouve o grito de antemão
No surdo eco que ressoa
Da multidão que não voa.
Ferros retorcidos
Homens brancos bem sofridos
Lei da vida, lei do absurdo.
Silenciando a noite
Ofuscando o luar
Jogo de luzes que encolhem
Atrás do sol para chorar.
AH! Amores em lentidão
Previa e dócil ilusão
Da zombaria infame
Que ataca sem reclame.
Mero acaso do destino
Trovões, relâmpagos atrevidos
Chuva branda que açora
Matando as vidas, sem história.
Prelúdio de um tempo
Esquisitice sem preço
Tortura a mente do homem
Que soluça com o vento.
Que assopra retraÃdo
Trazendo medo ao bandido
Entristecendo o amigo
Que ouve o tocar do sino.
Bate forte o coração
Sozinho na contra mão
Das desventuras de um mundo
Que chora, sem ter consolo.
E como abutre, ou mendigo
Segue avante o seu destino
Ouvindo o riso da mente
Sabendo ser consciente.
Pobres vidas que se foi
Pobres seres que sem ver
Deixou seu rastro para sempre
Na terra que agora sente.
A podridão da humanidade
A perdição que sem mascará
Monta o palco sem platéia
E pinta com uma aquarela.
Monta a lona
E se diz
Aprendiz que sabe o fim
Da peça que não termina.
E2RM
15/01/2011