Observo as aves migrarem…
Não combinam caminhos.
Deixam seus ninhos
seguindo o mesmo destino
sem se dispersarem…
Perseguem o mesmo sonho?
Sabem a hora certa de partir,
mudar, viajar, buscar.
Procuram novos rumos
sem desistir nem se aventurar,
já que confiam num porto seguro.
Um voo harmonioso as leva
em leve e total abandono
à meta de um fadário risonho,
aos braços de um futuro qualquer,
de um tempo não fracionado,
espaço que bem lhes aprouver,
viagem atemporal pelo céu.
Em nuvens brancas bordam a paz,
deixam no ar a plenitude da calma
e a mais inusitada lição de vida
a se expandir com o vento
sem nenhum confronto
doce encontro em perfeita calmaria,
a simplicidade de saber viver
em sintonia e gorjeios
num festival de alegria.
Pontinhos minúsculos pintam o céu.
Os alaridos dão sinal de fim de festa
ao se abrandarem na curva final.
Distanciam-se… obstinada decisão
de buscar outro clima, provisão,
construir novos ninhos, procriação,
sem temer que se escasseiem os celeiros,
sem medo de ladrões aventureiros…
Um dia voltarão…ou não!
Outras aves migrarão pelo céu.
Se o homem não manchar esse painel.
_Carmen Lúcia_