Encontra-me, ó, nau da existência!
Sopro de vida em minha alma,
Viver, mera prudência?
Morrer, vã canção que acalma?
Eternos velejos, navegar é preciso!
No mar tenebroso, de revoltas águas...
Desnudos desejos, sonhos perdidos,
Quão perigoso, transbordo de mágoas!
Navegar é preciso, viver, consequência,
Pois a nau é a vida, o mar, a história,
Amor, verdade, justiça, ciência,
Disso tudo, o que fica? Apenas memória...
Eternos velejos, eternos clamores
Eternas lembranças, sementes de dores,
Crime? Pecado? Por que condenar,
Os que deixam a terra, pra morrer no mar?
Encontra-me, ó, nau da existência!
Sopro de vida, me acalma.
Viver? Mais que prudência.
Morrer? revivência da alma.