Ao entardecer


 
 
 
vou, levo um livro de cabeceira
um caderno na algibeira     
sento-me na ponta do estrado
pérolas d´oiro ao pontapé
o sabão baba-se na maré
 

(co)movo-me rendida
o céu pende dolente, dormente pra cima do mar
ambos azuis se fundem, me confundem
aclaram os pulmões
expelem a alma na íris salgada
emoção distraída, entornada
murmurada aos meus botões
 
egoísta, vou jazer-me na esteira de prata, beijo aguado
beber véu anil, mil argolas num pecado, mimos letargia
tapar-me de sal, ondular na espuma delambida
sorver a penugem do vento ao fim do dia
 
vou arrecadar o sol antes que amorteça durma
e o toldo da neblina escoe, arrefeça a bruma
vou  (re)escrever um poema a pedido, perdido no vapor
tracejar a espessa nostalgia, um ponteiro incauto incolor