O poeta que não sentia

Como as faíscas incandescentes da lareira,
Aquela farta empolgação se apagou
Não me restam nem resquícios de sanidade
Tudo o que podia, sua indiferença levou
Ensaio minha maturidade,
Preparo o meu subconsciente
É inevitável
E previsível também
Os lençóis estão brancos e limpos,
Mas não me deixam em paz
Só me tornam refém
Aquilo que me atraiu
Tornou-se a mazela que hoje me fere
Que rasga lembranças de um futuro incerto
E que não desejo, não venero
Prefiro ser dona de mim
Longe dessa cegueira mortal
Que assassina meu poeta aos poucos
Restando aqui um ser insensível, cruel,
Mais um ser humano banal
Porque às vezes penso que os poetas não sentem,
Antes emprestam histórias e paixões alheias
Pois o meu poeta é mais belo
Quando nada em seu peito incendeia.