Entre o tédio de agora, entre tanto tormento
vem-me a acre lembrança de um jovem macilento,
cujo olhar negro de um bardo que está jazido
tinha o brilho de quem jamais será detento
deste mundo pelo pecado corrompido.
- Meu jovem amigo morreu e não foi vencido!
Quando aqui esteve lutou com afouta voz...
e falo de ti - bela sombra triste e algoz -
por que deixaste teu amigo no caminho
infindo e nebuloso deste mundo atroz?
Por que deixaste teu jaó fraco e sozinho,
para dos anjos ter o amoroso carinho?
Jamais esquecerei a cinérea fumaça,
nem o brilho grotesco do vinho na taça
- Torpe amigo, tu foste um grande paladino!
Meu maior sonho é pertencer a tua raça;
é de novo sublimar os dias ferinos,
seguir orgulhoso teu augusto destino.
Teus amores pelas mulheres são tão meus,
assim como era tua, é a minha crença em Deus.
Serei sempre como tu, solícito amigo.
Seguirei neste tédio entre os plangentes breus,
até conseguir chegar à luz que persigo
e nos seios de Deus me encontrarei contigo.
ALEXANDRE CAMPANHOLA