Meu Cantinho Do Céu

Bem alto lá no topo do monte, subi sob um claro céu noturno e derramei uma doce canção para a Lua.
Não era uma canção qualquer, mas uma melodia vinda do fundo do coração, tão forte e triste, que ao ouvi-la a Lua desceu até o monte. Postou-se diante de mim pálida e tão bela em toda sua glória, que pela primeira vez na minha vida senti um verdadeiro sopro de alegria.
Então ficamos os dois conversando, no alto do monte. Eu lhe contei sobre minha vida e ela sobre suas longas viagens solitárias. A Lua me ouviu, riu e sorriu para mim. Mas compreendi que ela olhava com saudade para o céu.
- Fique comigo – pedi. – Só serei feliz se você estiver comigo.
- Eu preciso ir - disse ela com tristeza no olhar. – O céu é meu lar.
- Eu lhe faço uma casa – retruquei, apontando para o lado esquerdo do peito. – Aqui no meu coração há espaço suficiente para você. Um céu vazio, que é todo seu.
- Preciso ir – repetiu ela. - Faz muito tempo que me ausentei.
- O tempo nada mais é o que fazemos dele aqui. – Permaneci com a mão sobre o peito. - Em nossos corações pode ser um inverno gelado ou uma primavera repleta de flores, tudo conforme o nosso desejo.
- Eu tenho que ir – disse a Lua, levantando os olhos para o céu. – Mas deixo contigo o meu amor. Eterno e imutável. E, sempre que cantar sua canção para mim, tornarei para os seus braços e nunca mais me sentirei sozinha.
- Eu sempre estarei a esperar – respondi. - E guardarei para ti um cantinho do meu céu.