Morte eterna é pano de véu
De alma soberba, corpo infiel
Alma infeliz que não vai ao céu
Só na terra sente, gosto de mel
Morte assim é coisa tão fina
Coisa tão nobre da realeza
Mal que em tantos se desatina
Graça mortal da pobre nobreza
Medo que afligi o mais corajoso
Tortura cruel ao torturador
D'alma lançada no escuro viscoso
Alma ganhada pelo perdedor
Podes um dia, nascer e viver
Na terra ser bom ou mal e cruel
Mas pode também, pra sempre morrer
Ir ao inferno e nunca ao céu
Morte eterna é certo castigo
Que abraça forte sem ser teu amigo
Prazer sem prazer do pleno perigo
Que vai com você e fica comigo