Imperturbada negridão

Amanhã talvez descubra que fora tudo uma quimera,
Delírio de uma mente infantil ou tresloucada.
Depois serei por mim mesma aniquilada,
Um condenado seguindo para a sua execução.
 
Palavras lúgubres e depressivas
Compostas por uma imperturbada negridão,
Como se o opaco fosse a noite do coação,
Assassino de uma vida, outrora dia.
 
Meu coração não é negro como se em maldade,
É negro como se solidão, como se vazio.
Noite sem luar, deserto frio.
Coração de quem não sabe amar?!...
 
Dizem que amor é coisa de bobos da corte,
Peraltas, tolos sem nada a temer.
Outros dizem que amar deveras é deveras sofrer...
Se não sei amar então, por que sofro?!
 
Um medo me afligi, uma decisão,
O medo me indaga ser a melhor solução,
Minha mente avança, minha alma diz não.
Já não sei mais se desisto ou prossigo.
 
Espero pacientemente meu vilão,
Disfarçado em herói benevolente.
E sem que eu perceba por entre dentes
Ele rir da minha triste situação.
 
Cair-lhe aos pés, pedir-lhe que fique comigo?
Ou negar-lhe o afago, dizer-lhe que desisto?
Por que não fujo então? Por que inda insisto?
Por que acredito mais nele do que em mim?!
 
Amanhã talvez... Talvez amanhã tudo acabe!
E eu fique só, como tão vazia me sinto agora.
Verei meu anti-herói indo embora,
Sumindo dentre as chagas da minha escuridão.

*-*Raiza*-*
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