Reconstruindo a vida

Reconstruindo a vida

 Venho

 lá do fim do mundo
onde  manhãs são estrelas
riscando o céu de dia,
luzindo sobre o orvalho e a neblina
onde a lua redonda  se declina
e  lança o seu brilho mais profundo.
 
Onde o sol da meia noite
é rei vestido de ouro,
silvo do açoite que arrebata
e desvenda o tesouro,
 deus irreal, imortal,
luz que nunca se acaba
dourando a Terra adormecida
que a seus pés se deita, vencida
e a paz do infinito surge de um portal.
 
Venho
 dos prados mais distantes,
campinas e flores exuberantes,
 matizes, cores em  gradações
que encantam olhos já pesados,
acariciam a relva e os  pés cansados,
as caminhadas e tribulações.
 
 
Venho
e trago a paisagem mais bela
mesclada com  tons d’ aquarela
ceifando rancores,  mazelas
sobre o andor da devoção
regado à imensa emoção...
 
 Onde o profano desfia o rosário,
 o cético se ajoelha ao sacrário
e o sagrado é mais que uma oração.
É um pedido proclamado em homilia,
é a vontade de gritar que ainda é dia,
que hoje e sempre é dia de reconstrução.
 
 
 
(Carmen Lúcia)