PAU A PIQUE
 
 
Nasci numa casinha simples
Lá no meio do sertão
No talhado da serra
Na beira de um brejão.
Era de pau a pique
Coberta de palha
O piso era de chão.
A cama era de varas
Palha de milho era o colchão.
Na sala um banquinho de tábua
Onde as visitas assentavam.
Na cozinha um fogão de lenha
Onde preparava a comida,
Ao redor da casa um terreirão.
À tarde meu pai chegava cansado
De um ritual não deixava não
Aconchegava-se com cada um dos filhos
E nos dava um abração.
Perguntava quem fizera estripulia
Mamãe nos defendia,
Ninguém apanhava não.
A noite acendia a lamparina
Quando tinha visitas, um lampião.
Tinha noites enluaradas
Outras, completa escuridão.
Vivíamos na simplicidade
Não havia nenhuma maldade,
Naqueles singelos corações.
A vida passa depressa,
Tudo mudou lá na roça,
Vivemos outra época então.
Relembro e tenho saudade
Daquela vida singela
Que vivíamos lá no sertão.
Há dias que entristeço
Sinto apertar o coração,
Lágrimas rolam pela face
E caindo, somem no chão.
 
                                        v.a.s
              P. Alta –To   2l/04/20l3
 
 
 
 

VALDIR A. SILVA
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