...A ler doutrinas de ourtos tempos, em curiosos manuais, exalto quase adormecido, ouvi de sùbito, tal qual ouvesse alguèm batido. E um visitante que vem bater em meus portais, so isso e nada mais. Senhor ou senhora, perdoai-me se muito me esperais, mas e que eu estava adormecido, e foi tao leve o batido, que mal podia ter ouvido, alguèm bater em meus portais, assim de leve a horas tais. Abro a porta e encontro apenas a escuridao, nada mais. O ruido recomessa, com certeza na janela, vamos ver o que ha nela, abro a janela e eis que surge, e um corvo, ierarquico, soberbo, de eras ancestrais. Diga-me qual e teu nome o nobre corvo? O nome teu no inferno terril. E o corvo disse: Nunca Mais. Sejam palavras de nossa despedida, ave de agouro, volta de novo a tempestade e aos negros antros ifernais, deixe-me só nesse inferno terrestre, retira o bico que me fere o peito, alça voô e deixa meus ombrais. E o corvo disse: Nunca Mais. E la ficou inerte e sombrio horas a fio. E em seu olhar medonho e enorme, o anjo do mal em sonhos dorme, e a luz da lâmpada, atira ao chão suas sombras imortais, nelas flutuam sobre a ânfora, e esta minha alma presa as sombras e   nao ha de erger-se. Nunca Mais.

 

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