Folhas em branco aguardavam meu destino;
roçavam meu rosto feito gestos de carinho,
afoitas , apresentavam-se puras , nuas,
na ilusão de que registros ditariam minha sina.
Bailavam ao ritmo da própria melodia
e a cada linha esboçada, nova coreografia,
sem reticências, lacunas, avisos nas entrelinhas,
letra por letra, decidia-se o limiar de minha vida.
Prólogo feliz pra uma criança esperançosa
Cercada de sonhos, bailados, fantasias
a preencher espaços nas folhas que se retraíam
dando lugar à dor tão espaçosa que surgia.
Enquanto ela crescia, as folhas se resumiam,
ganhavam reticências , palavras nas entrelinhas...
sem deixar nenhum espaço entre o meio e o desfecho,
só lacunas de acordes mudos, sem melodia.
(Carmen Lúcia)
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