Imagem refletida


Estranhamente, apenas fechando os olhos, é que eu consigo te enxergar.
 
Te vejo linda, com os cabelos balançando ao sabor do vento.
 
Fecho novamente os olhos e te vejo recém saída do banho.  A pele clara, realçando a luz pálida do luar que entra pela basculante do banheiro.  A toalha, ainda nas mãos, enxugando os longos cachos dourados, de onde uma última gota se libertou, escorrendo pela tua pele de marfim.  Qual lábios invisíveis, percorre a tua coluna vertebral, rompendo tuas barreiras e desvendando  teus mistérios, provocando um doce arrepio.
Te surpreendo a demorar-se ao espelho avaliando displicentemente a composição caprichosa da natureza,  num raro momento de inspiração.
Nem percebes que o que os teus olhos admiram com tão pouca reverência, é tudo o que há no mundo que os meus olhos anseiam solenemente contemplar.
 
Sinto o aroma fresco de rosas que brota dos teus poros, sob a penugem eriçada, qual relva rala que orla uma nascente onde o viajante sedento necessita ardentemente aplacar a sede.
 
Já, a fonte da água é a mesma fonte da vida;
Já a ventura do olhar, são os caminhos do amor;
Já, tudo o que vejo, é tudo o que sempre quis.
 
E ainda que exista apenas nos meus pensamentos;
 
 é você.

Ficção...

(imagem do google)
BRUNO
© Todos os direitos reservados