Presságio (soneto duplo)


Presságio 
I  
Pressinto no mundo o fel da amargura
Verdade escondida nos trapos de rua
A sombra consome a luz e a figura
Na noite calada no brilho da lua
 
No manto celeste vejo a fé consumida
No oráculo de Delfos, sopé de Parnaso
Oferendas jogadas, esperanças perdidas
Transes e visões, foram obras do acaso
 
Sacerdotisas de Apolo, aqui novamente
De pastoras e religiosas disfarçadas
Vão jogando neste mundo novas sementes
 
E em nome doutro Deus, oblações são dinheiro
E vão amealhando tesouros às braçadas
Na fúria das ondas, são elas o timoneiro.
 
II
O Deus que afagam no céu não habita
E se existe, tem emoções quase humanas
Pois, se de dinheiro também necessita
Que Deus é esse que a matéria orbita
 
Dum sopro Divino o mundo precisa
A despertar consciências, puder definir
No palco da vida de quem profetiza
Que o povo a final, melhor saiba decidir
 
Pressinto na terra a paz sem sentido
O ódio e a cólera começam a crescer
Pressinto o naufrágio do mundo fingido
 
De vícios e tramas urdidas nas trevas
A fúria das ondas no dorso a gemer
Tracei o esboço, na prancheta as canevas
 
São Paulo, 01/10/2012
Armando A. C. Garcia
Visite meu blog: http://brisadapoesia.blogspot.com 

 

ARMANDO A. C. GARCIA
© Todos os direitos reservados