Sobreviver
 
 
Descompasso, o coração para
Súbito desentendimento de ações
Pulmões e circulações não se dialogam
Formigam-me as pernas me vejo no chão
 
O temor fez jazigo em minha essência
Visão estremecida pela carência
Desnudo o que escalpa a alma
Sonoros rugidos para alguém, que lamúria
 
Abarco o horror
Tiro-lhe das entranhas o teu odor
Sôfregos cheiros de amor
Vão se esvaindo com o seu rancor
 
Emudeço, cuspo o gosto da afeição
Que afetuosamente fez ao meu viver
Um elixir de sensações delirantes
Que se partiram de um desprovido amante

Iury Jorge Barbosa
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