Benedito fez figa
Ludmila foi pra tia
Benedito desatou os dedos
Atrás de mais brinquedos.

Ludmila visitou a tia
Ganhou bolo e canjica
Benedito foi pedir açúcar
Sem xícara visitou Edna.

Ludmila soube notícias do interior,
Benedito do regresso do pastor.
Ludmila disse que já chutava,
Benedito com fome mamava.

Ludmila pediu “bença” à tia,
Foi fofocar com a prima sobre a Kátia.
Benedito repetiu prato e sobremesa,
Tirou uma sesta e roncou com nobreza.

Ludmila pegou o Jd. Margarida
Carregando canjica e sua querida.
Na casa de Edna, arroz queimou,
Feijão não separou e cão uivou.

Ludmila chegou e estranhou:
Chamou uma, duas, três e se irritou.
Benedito ouviu o trovoar,
Farejou canjica no ar.

Ludmila chegou sem cheiro de janta.
Benedito farejou o perfume da santa.
A casa estava abandonada, o fogão frio...
Revistou atrás de marca, cheiro ou arrepio.

Benedito abriu o portão e entrou:
“Tinha ido comprar cigarro e Tião o parou”
Ludmila cobrou sua promessa de largar,
Sentiu cheiro pior que o de tabaco no ar.

Benedito estava sujo até os cabelos,
Ludmila sentiu um aperto.
Ludmila xingou com todo apreço,
Benedito ouviu encarando o berço.

Ludmila chorando:
- Não mereço!
Benedito ensaiando:
- Deus, esse é o preço?

Benedito, então, a enxugou com lábia,
Afagou seu ventre com todo esmero.
Ludmila soluçou que não sabia ser sábia,
Que comesse a canjica antes que virasse gelo.

Benedito reclamou maior atenção,
Por isso quis tragar com toda razão.
Ludmila pediu paciência e afeto,
Pois guardava a mãe dos seus netos.

Benedito a abraçou,
Ludmila o beijou.
Benedito a beijou,
Camila lhe chutou.

Benedito raspou o prato de canjica.
Ludmila se admirou e jurou todo dia.
Agora Ludmila nunca visita a tia
Sem deixar uma panelada de canjica

Na casa do pastor, cortou-se a luz.
O missionário contou com trombeta
Que converteu e expulsou em nome de Jesus.
Edna serve a janta pensando no capeta.

José Ítalo
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