O AMOR NÃO DESISTE

 O AMOR NÃO DESISTE
 
              Dizem que a primeira chuva do ano é muito importante na vida das pessoas. O empirismo institui verdadeiras maravilhas a essas águas que, limpam as ruas, casas e monumentos, caem pelos ralos e deságuam nos rios e mares para um dia voltar a cair em forma de gotas milagrosas de orvalho.
      Existem chuvas, enxurrada, dilúvios e cataclismos quando causa destruição e danos, mais felizmente, por aqui chove só o suficiente para molhar o corpo e refrigerar a alma.
   Houve um tempo  que eu só, deitado e abraçando o meu travesseiro, desejei uma companhia e, no quase delírio das madrugadas insones  desejei uma vida que se unisse à minha, para que pudéssemos fazer a derradeira estrada do arco-íris rumo a estação iluminada do amor...
     Quantas vezes eu embarquei no navio fantasma anc orado no porto solidão e naveguei sozinho por mares sombrios e, em ilhas imaginarias pude tocar as tuas mãos sem ver teu rosto... Noutras, me vi dirigindo um conversível por estradas vazias e sem sinalização, sem destino, quem sabe, uma busca do amanhã que me trouxesse você. Mais a noite é apenas a parte escura do dia e, consome lenta e gradual os ponteiros do relógio do tempo e, agora o vento sopra forte rumo ao mar, os pássaros variados cantam em meu jardim com a felicidade do novo dia. Vejo os raios de sol penetrarem         pelo vitral da janela, o quarto é só luz, eu olho com as vistas embaçadas para o lado e não te encontro, movo os braços na tentativa vã  de enlaçar-te  em meu peito, mais nada acontece, tudo vazio como o meu coração que pulsa descompassado, vazio, solitário e triste, mais que ainda sonha em te encontrar, em lugares frios, quentes, em cidades, estradas, mares ou mesmo no clamor de uma estrela solitária que brilhe sozinha como eu e espere por esse amor...

AIRTON GONDIM FEITOSA
© Todos os direitos reservados