CONSELHEIRA E ALCOVITEIRA

CONSELHEIRA E ALCOVITEIRA

Num oceano de estrelas,
Vai a lua navegando serena.
É uma nau que não tem velas,
No oceano de estrelas, ela parece pequena.
 
Vai carregada de sonhos e confissões de amor,
Seguindo uma rota sabiamente traçada,
Não tem que enfrentar das ondas o fragor
Nem por calmaria ficar parada.
 
Dando voltas ao mundo, alcoviteira e conselheira,
Vai ouvindo história de amantes apaixonados,
Ou então os sonhos de moças casadoiras
E dos trovadores apelos desesperados.
 
Ó lua dos namorados ouve a mim
Que estou aflito por amor e não sou amado!
Ó lua amiga sei que o teu navegar não tem fim,
Responda-me, por favor:- Por que sou tão desprezado?
 
Por que vivo solitário, por que ninguém me quer?
Já cantei o amor em verso e prosa,
Já perguntei no jardim ao malmequer,
Pedi conselhos ao cravo que me mandou falar com a rosa.
 
Por que tenho que viver assim abandonado,
Será o meu destino, igual ao teu ó lua?
Se for, lua faça de mim teu namorado!  
Ficas no céu e eu a seguir-te às noites pelas ruas.

Tanto já se disse da lua, mas, ainda há muito a dizer. Para mim ela que me ouve é a minha conselheira, é com ela que confesso meus amores , que reclamo das minhas dores e que peço soluções. Não vou negar que ela nada diz, mas que dela vem a inspiração e fica tudo bem.

Conversando com ela!