Uma onda suave e pequena,
Viaja tranqüila e serena,
Eleva-se humilde quase despercebida,
Bate devagarzinho no rochedo tenaz,
Não produz espuma,
Não provoca ruído algum,
Ela é realmente discreta,
Porem é persistente,
Dia e noite ela insiste,
Agora o rochedo sente a erosão,
Pouco a pouco ele sede,
Lá distante, lá no futuro,
Não teremos o solido rochedo,
No mar veremos apenas,
A pequenina elevação.
Agora, sem obstáculo ela avança,
Açoitando a areia que julga indefesa,
Joga-se com fúria indomável,
Agita-se incansavelmente em vão,
É eterna esta luta feroz,
E a areia que já foi solida rocha,
Agora aparentemente frágil...
Unindo-se a outros grãos,
São pequeninas rochas,
Que não se movem,
A luta é em vão.
 
 
 

Cesar Garcez
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