Insalubre aquela morada.
Difícil crer na possibilidade
de alguém residir naquilo.
Deveria ter uns
cento e cinquenta anos
aquele muquifo,
mas penso que não tivesse
nem uns trinta.
Consistia numa habitação
em péssimo estado
de depreciação avançada,
o cheiro de comida estragada,
misturado com leite azedo,
sendo aliado às fezes animais
do quintal (jamais recolhidas)
e aos ovos podres na geladeira
cuidadosamente imunda,
davam um toque avomitado
muito peculiar.
Sem falarmos do barracão
anexado à construção,
pavimentado com graxa negra,
lubrificantes de motor
e toda a ordem de substâncias
venenosas e funestas,
que se podem encontrar
em um meio ambiente.
Ao lado deste anexo
jorrava uma nascente morta
e contaminada pelos detritos
colecionados ali,
pirâmides de tambores
tóxicos se enfileiravam,
escorados nos tapumes
de chapa enferrujada e tetânica.
O cortiço de imigrantes ilegais
E prostitutas que ficava a duas quadras dali,
poderia ser considerado
um hotel cinco estrelas
com suítes presidenciais,
se comparado àquele chiqueiro.
Três cães sarnentos, famintos
e enfiridados vigiavam os arredores internos
dos muros que circundavam a morada,
os ratos tinham o tamanho de capivaras
e podiam ser avistados com a freqüência
que avistamos borboletas na primavera,
mas borboletas não viviam naquele local
devido à radiação, elas só evoluíam
até o estágio de larvas
servindo de alimento
para os caramujos nocivos.
(Autor: Michel F.M.) ©
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