Cadê você pássaro negro e o seu canto absoluto?
Se não tem casa, asa quebrada, voltou por onde nunca foi
Vôou tão longe em outros céus, do grapiúna ao sertanejo
Foi no recôncavo, caiu, traído por quem te ajudou
 
Voava alto soberano, vôo altaneiro interrompido
Soa o estampido, vem a queda, seu canto infeliz é um grito
Cadê a mão que não lhe ampara? Caiu atônito, abatido....
Só o mau hálito da morte oferecendo um beijo frio
 
Cadê você? Cadê você? Cadê você?
 
Cadê você pássaro negro? Não canta mais nem alça vôo?
Só chora mares pressentidos, sangue e calvário, sua dor
Cadê você? Cadê você? Cadê você?
Pássaro torpe sofredor, seu canto é negro e vermelho
Foi no azul da lua cheia, que ouvi seu lamento de amor
Cadê você? Cadê você? Cadê você?
Lágrimas cegaram meus olhos
Procuro e não vejo você

André Ferreira
© Todos os direitos reservados