Por que esse arrastão carrega
Meu tão pequeno coração?
Vencido num torneio longe
Pelo mais nobre campeão?
Por que este letargo fúnebre
Nessa tão sofrida mente,
Que se enche da tormenta do nada,
Que se perde na fronteira do eterno.
Sou eu sem nada ser...
Meu eu com o nada conflita,
Entre preto e branco eu sou o cinza,
Entre choro e pranto eu me derreto...
Caído como guerreiro que luta
Até o fim numa batalha sangrenta,
E vencido, em miséria se expõe
Com o sangue escorrido no chão
E o barro na face estampado
O anjo em seu toque divino
Me toma e me aflige num ato,
Perdido estou,
Cansado sou,
E simplesmente cesso meu ser
Ando, ando, e estou aqui
No mesmo lugar em que comecei...
Luto, luto, por mim e por ti
E só o que vejo é o que venho a perder
Quero um sonho, uma nova vitória,
Quero voar, de volta a glória,
Voltar para a idade do ouro,
Cantar com a alegria em coro
De quando o destino de muitos
Superava o destino de poucos,
Ou mesmo o de um...
As eras cruéis na passagem,
Me levam a este novo embate
Em que confronto o pior dos monstros
Que não teme, abocanha e dilacera
Até mesmo a mais completa armadura...
E a fé, que perco nesse instante,
Meu ser que sem bater em retirada
É tomado por demônios e fantasmas,
Por cruéis e desumanos,
Homens cheios de um calor profano
Da vaidade e do ressentimento
Do egoísmo que supera a virtude
Em todo e qualquer momento...
Eu me perco, impotente,
Nesse golpe tão astuto,
Sou um ser, então cadente,
Sou um pobre insistente,
No impossível que me cobre,
Da maldade que me bate
E que as trevas me dominam.
Davi Abreu Wasserberg
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