Foi por querer-te tanto
Que eu me abandonei
Saí de mim, deste corpo cansado
E fui ao teu encontro.
 
Ainda eras tão pura
Teu sorriso de nuvem
Teu caminhar de anjo,
Teu rosto na moldura da janela.
 
Teu olhar que ao longe me fitava
Me escrevia a trajetória dos teus lábios
E eu que nunca soube chegar-te.
 
A gora em fuga meu corpo fica para traz
Feito uma velha casa abandonada
Com seus pertences
Seu tempo e sua memória.


 ORFERTÓRIO


E quando o sol descansar
A pálpebra no infinito
Me ausentarei de mim
Não cantarei de amor
E não escreverei na areia um poema suicida
 
Quando enfim acordar
Vestirei o meu corpo
Com sua fria arquitetura
E sairemos felizes cantando
Esta triste cantiga de amor
Eu, meu corpo e minha viva lembrança de Teresa.
 
 

GONZAGA BLANTEZ
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