No limbo doce do ócio improdutivo,
Rearranjo palavras
E construo estrofes
Que justificam minha desavergonhada paralisia.
Holofotes duma ribalta descaradamente falsa
Saciam o apetite por reconhecimento,
E justificam a escrita vagabunda,
Do poema de rima fácil.
Então, que se encaminhe o sentimento impuro,
Lascivo e despudorado,
Para lambuzar-se no círculo que precede a depravação,
Inspiração maior para a poesia.
(Que não aceita choro contido,
Nem quer ouvir falar da amada,
E enxota a pieguice do sussurro
Que adorna e açula a fala.).
Dose de motivação
Buscada no mais puro requinte do pecado,
Manjar verdadeiro do gozo,
Amante da escrita casta.
É da soltura dos meus charmosos demônios
Que emana a beleza rameira dos meus versos,
A justificar a prostração dos meus dias
No vai e vem do meu doce limbo.
São Paulo.
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