O carro passa teimoso raivoso ele mostra as unhas o telefone imprudente toca renitente na igreja as sete o sino grita insuportavelmente as bocas cruas labem os labios para insultar as santas beatas a gora praserosamente as ruas é uma passarela por elas passam o passarinho a pedra crua o cachorro o porco o bicho uma festa o chão sangra a inevitavel perna o pai chora a desonra das duas de quinze a rapariga salmodiando o neruda nota-se o mar em fúria frondosas árvores mortas o verbo gira irregular formigas de vestido vermelhos mostram seus decotes insuportavelmente inresitivel e suas pequenissimas saias as armas as artes  as rimas a lua e o coração arde quebrando vidraças suspirando apino o doce carinho de um beijo não somente amigo a boca derrama queimando o prazer.

Boca da Mata
© Todos os direitos reservados