A mesma chuva...

 
 
A mesma chuva que molha meu corpo
molha também o teu...
A mesma nuvem pesada
que escurece meus dias
  escurece os teus...
A mesma lama parda e suja
que escora a água da chuva
revela vestígios de nossas pegadas
em direção contrária à luz...
 
O céu macilento e triste que vejo
é o mesmo que tu vês...
O pranto que minh’alma chora
é o que chora a tua, agora...
Fomos feitos do mesmo barro,
da mesma massa encruada,
pérolas negras geradas no lodo
que  não  preservaram  a beleza,
 aviltaram tamanha grandeza
imbuída na palavra amor...
 
Passamos ilesos por ela
sem perceber o que gera,
sem nos ater no real valor...
 
Hoje é cada um por si...
perdemos a chance oferecida.
Não vimos o céu se abrir,
deixamos a chuva inundar nossa vida...
Fechamos janelas, facilitamos partidas,
perdemos o chão, a ocasião...
sucumbimos no  vazio da solidão.
 
 
_Carmen Lúcia_