No céu, do meu azul particular

nas águas claras do meu turvo pensar

no fogo ardente do meu desânimo do mundo

bem amado, idolatrado desprezo tudo num segundo.

Quando quero, não quero mais, o meu desejo é tão fugaz

o campeão de falsos bens , como ninguém

Gozo de dor, da irreverência que o meu verso traz

não esquentando o meu lugar, num imóvel vai e vem

A santa meretriz que vive no meu coração

sem arrependimento chora, redimida pela transgressão

Ela debocha e escarnesse com sublime delicadeza

de quem comigo se deite , acreditando ser princesa.

Minha cara de bom moço, meu semblante intimidado

meu despudor comportado de devassa santidade

sou um falso verdadeiro, cavalheiro depravado

sou de qualquer planeta , o mundo é minha cidade.

De tanto me safar de tudo, sou liberto prisioneiro

humilde, pretensioso, respeitoso e zombeteiro

faço canções para sobreviver à minha anônima identidade

sou um bobo da sua corte , um poeta alucinado.

 


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Magdalena Rodrigues
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