FEBRE INSANA

 FEBRE INSANA

Imensa estrada, poeirenta

ao longe,a encruzilhada

vegetação pobre

terra vermelha

melancolia

confusão

uma febre que não passa

caminhos incertos

silêncio

regresso

ciprestes desgalhados

a aranha em suas teias

soberana em seu vazio

círculos da inquietude

portão do velho cemitério

refúgio de corujas

cansadas

lápides quebradas

almas que se foram

escuridão do dia

somente as cobras

rastejantes nos túmulos

frio, tremor, febre

o coveiro é um espantalho

desgastado ao relento

palha e trapos espalhados

solo manchado

ar vazio

tapera abandonada

cercada de lama

ruínas de vidas

ferida aberta

calor e frio

uma febre que não passa,

delírio sem fim

povoado das pedras

fome,sede,calvário

louco cenário

deserto da dor

cheiro de morte

febre insana

tempo fora do tempo

 

Bruma Lilás - Taís
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