Mesmo que meus olhos ceguem
Lembrar-me-ei de ti sempre assim
Teu cheiro doce domina minha mente
Sempre escravo sigo a te perseguir
A tua doce lembrança refaz
O ato audacioso que se conduz
Olhando firme, sempre contumaz
Sem temer persigo os teus azuis
 
O céu na sua boca é de prazer infinito
Faz chover o amor que sai de mim
Escorre em ti gotas deste orvalho incandescente
Puro prazer que rega seu jardim
Minha boca te profana lentamente
Deliciando meu paladar de colibri
Te arrepiando o dorso a levitar
Desobedecendo a lei da gravidade
 
Congelo-te no vão do meu olhar
Na bela imagem o teu intenso alvorecer
Meses e anos irão se passar
E do mesmo jeito enxergarei você
Gravada na memória do primeiro olhar
Impressa no primeiro beijo que me deu
No primeiro toque de mãos a suar
Das pequenas falas de nervosismo meu
 
Na inquietude em querer se enamorar
Do sopro de setembro com suave calor
Da tua flor intumescida a orvalhar
Na primavera de nosso primeiro amor
Espalhando seu perfume pelo ar
Não tinha como me perder de ti
Só em ti me perdia no ato de me dar
 
Seu peculiar aroma adocicado
É meu perfume mais particular
Lembra-me sempre a ti, minha deusa nua
Dona do céu, da terra e do nosso amar

André Ferreira
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