Eu sou a loja de conveniência,

Aberta vinte e quatro horas

Abrigo de inconvenientes,

Música estridente nos carros,

Palavras rudes sem nexo.

 

Eu sou o riso amarelo do prefeito

Buscando ocasião

Abrindo  caminhos no meio da multidão

Para dar lei à hipocrisia.

 

Eu sou o andrajo que cobre

Os mendigos, cheiro impiedoso,

O vômito preso na garganta.

 

Eu sou a recusa de expelir

o mundo, seu mundo,

Sede de vingança.

Olegário Assunção
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