Entrincheirados

Entrincheirados de medos e de pavores,

Encolhidos aos cantos com fome de amores,

Sozinhos ou  meio ao batalhão,

Lágrimas frias desconformadas rolam ao chão,

Num chão que não germina nada,

De tantas granadas...

Mas o medo de sair e lutar,

Faz os entrincheirados ali ficar...

Alguém muito além os espera,

Pra amá-los e mostrar lhes o cheiro das primaveras,

Mas perderam  a noção de dias e de estações,

Pra eles são sempre invernos nem se lembram mais de verões,

Entrincheirados pra sempre hão de ficar,

Se na vida não arriscar,

Mas o que fazer com teus medos e pavores?

Se se aconchegam nos mais fortes por favores.

Quem os espera muito além,

Acreditam no que lhes convém,

Mesmo barbados,enrugados e machucados,

Por tuas amadas serão amparados.

Mesmo porque esta guerra não existe,

Só mesmo dentro da alma de quem insiste,

Insiste em atrás das trincheiras se esconder,

Por mero medo de viver.

 

 

Neste texto falo não da guerra em si,mas de nossas gerras internas,conflitos,medos e de pânicos que a pesada vida nos levam a ter,daí o motivo da procura pelas trincheiras,onde passamos parte da vida escondidos de nós mesmos.
Luciene Arantes
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